Os religiosos e religiosas protocolizaram a "Carta Aberta às Autoridades Brasileiras Contra os Gladiadores do Altar", para levar ao conhecimento das autoridades públicas os vídeos recentemente divulgados na internet pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
"Não podemos mais esperar. Infelizmente existe um histórico de agressões contra o nosso povo e dessa vez não vamos esperar para ver. Queremos apenas o direito de professar a nossa fé livremente. A divulgação de que foi criado um exército, um grupo com características paramilitares na IURD causou medo, assustou o nosso povo, que sistematicamente é vítima de perseguições. Viemos ao Ministério Público solicitar investigação e assegurar a nossa tradição", explicou Babá Pecê, Babalorixá da Casa de Oxumarê e autor da carta denúncia.
Segundo Mayé Tania, "as comunidades de terreiro ainda sofrem com acusações de religiosos da IURD, que afirmam que a causa dos problemas da humanidade decorrem das atividades das Mães e Pais de Santo e de obras do diabo que somos acusados de cultuar, de forma depreciativa e intolerante somos chamados de chamados de ' Pais e mães de encostos', numa tentativa de fomentar o medo da sociedade para com as religiões de matriz africana."
A grande massa de adeptos do candomblé e umbanda foi de fato representada pelas maiores autoridades religiosas dos seguimentos. A mobilização contou com a participação do Coletivo de Entidades Negras - CEN, entidade nacional do Movimento Negro que recebeu a missão de articular a pauta no âmbito nacional em parceria com a Casa de Oxumarê. Para a Coordenadora Nacional de Religiões de Matrizes do CEN, a Yalorixá Jaciara Ribeiro, "a Mobilização Nacional do Povo de Santo e as denúncias protocolizadas em todo o Brasil demonstram a unidade das comunidades de Terreiro no combate à intolerância religiosa. Juntos somos mais fortes!"
A parceria da Casa de Oxumarê e CEN, articulou 24 estados brasileiros que protocolaram a carta denuncia com sucesso e mobilizaram as comunidades a se reunir nas frentes dos Ministérios Públicos Federais de todo País, prontamente atenderam com muito carinho o chamado de Pai Pecê. "Agradeço a confiança que os Povos de Santo sempre depositam nas ações que me engajo, agradeço os mais diversos líderes religiosos que convocaram seus filhos e filhas para apoiar e por último deixo registrado meu especial agradecimento ao CEN , que sempre está pronto a apoiar as ações do Povo de Santo é um soldado valioso em nossa defesa, também não poderia ser diferente seu fundador é um homem de Xangó, Oju Oba desta Casa". Destacou o Babalorixá.
Agora o Povo de Santo necessita de estratégias de acompanhamento da pauta nas Procuradorias e outros órgãos nacionais e internacionais, cuidando da preservação da liberdade religiosa. Professar a fé não pode ser sinônimo de violência. Ações violentas, ou que incitem sentimentos de agressividade, atentam contra o Estado Democrático e de Direito e põem em risco a segurança nacional. A luta continua!