Terça, 29 Novembro 2011
O povo de Axé quer ser respeitado não tolerado, afirma Babá Pecê
No dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, a Casa e Oxumarê e o Coletivo de Entidades Negras (CEN) coordenaram a 7ª Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa. Com a participação de aproximadamente três mil pessoas, das mais diversas casas de Axé de toda Bahia e até mesmo de outros estados, a Caminhada seguiu o tradicional cortejo, saindo do busto de Mãe Runhó, no Engenho Velho da Federação em direção ao Dique do Tororó.
A Caminhada contou com a presença de sacerdotisas e sacerdotes religiosos de Casas de Axé das principais nações presentes em Salvador, Ketu, Angola, Jeje e Bantu. "Essa caminhada tem que ser realizada. A sociedade tem uma dívida com os povos de Axé. Não vamos pedir tolerância, queremos respeito e por isso estamos nas ruas. Vamos caminhar até quando tivermos todos os nossos direitos assegurados e garantidos", declara Baba Pecê de Oxumarê, idealizador do evento.
Além das autoridades religiosas, artistas e políticos também seguiram o cortejo que durante todo o percurso cobrava dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) ações que assegurem a preservação dos rituais e da tradição das religiões de matrizes africanas.
Surgida em 2005, depois de uma série de discussões com representantes de várias casas, a Caminhada pela vida e liberdade religiosa que tem como principal objetivo combater a descriminação praticada contra as religiões de matriz Africana. Atualmente, outras cidades e estados já realizam suas caminhadas, com base nos moldes da idealizada por Baba Pecê de Oxumarê.
No dia 27, domingo, em Cachoeira, Bahia, foi a vez das casas de axé do recôncavo baiano se organizarem nas ruas da cidade para exigir o fim da discriminação aos povos de santo. A proposta para o próximo ano é que aconteça a primeira caminhada nacional, reunindo os terreiros de todo Brasil na luta contra a discriminação.
Maíra Azevedo - Jornalista
Drt-Ba 2743