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Sexta, 01 Março 2019

Casa de Oxumarê é recebida por Reis e Rainhas no Benin - África

Com o fim de estreitar laços religiosos, culturais e ancestrais a Casa de Oxumarê, com uma comitiva formada por filhos e netos do axé e liderada por seu Oloriegbe Babá Pecê, foi recebida por importantes Reis e Rainhas do Benin, entre fevereiro e março de 2018.

Após as tratativas com o governo do Benin, por meio do Embaixador Isidere Benjamin Amédée Monsi, a Casa de Oxumarê seguiu em missão religiosa para aquele país percorrendo as principais cidades de culto a Vodun e Orixás, como também as que protagonizaram a chamada “rota dos escravizados”, que foi um dos principais pontos de partida do tráfico de escravizados, sobretudo para as Américas.

Na cidade de Ouidah, em visita ao Templo das Pythons, a comitiva foi recebida pelo supremo sacerdote do Dangbe, o Dah Dangbénon Dessoh Hagbé. Onde além de conhecer toda a extensão do templo e os voduns ali cultuados, também conheceu a floresta sagrada que fica no seu entorno.

Em seguida, rumou para o Templo Daagbo Hounon, cujo sacerdote é a maior autoridade do culto à Voduns no mundo.

Também na cidade de Ouidah a comitiva percorreu o caminho chamado “rota dos escravizados”, passando pela ‘Casa Zomaï’ (local onde os escravizados ficavam antes de embarcar nos navios negreiros), ‘árvore do esquecimento’, ‘portal do não-retorno’ e árvore do retorno espiritual’.

Já na cidade de Ketu, a casa de Oxumarê foi recebida no palácio real por seus ministros, uma vez que o trono encontrava-se vago em razão do recente falecimento do Rei.
De lá saiu para a casa da rainha Iyalode de Ketu, tendo uma recepção calorosa e ritualista e com as boas-vindas dos Egunguns - ancestrais da família real.

Na passagem pela cidade de Abomey, em visita ao palácio real, o Rei Dada Dédjalagni Agoli-Agbo recebeu a comitiva com grandes honrarias. Se desculpou em nome do povo beninense pela escravidão e se comprometeu, a pedido de Babá Pecê, a manter vivo o culto aos voduns e toda a cultura que nos une.

Após, no Templo de Mahou Lissa da Rainha Nanye Houandjile Kpodjito houve uma grande recepção pelos voduns.

Então, segue a comitiva para a cidade de Savé rumo ao Palácio Real Aafin Onisabe. O rei Oba Adetutu Akinmu Akikenju VI condecora Babá Pecê e também firma compromissos religiosos e culturais.
À noite, a comitiva participa de uma festividade às Geledes.

Partiu, então, a Casa de Oxumarê para a cidade de Dassa-Zoumé rumo ao encontro do Balema Osumare, que é o supremo sacerdote do culto à Osumare. Lá, Babá Pecê foi reconhecido como um grande sacerdote de Oxumarê no Brasil, recebendo todas as honrarias pertinentes este título. Houve, também, depois de todo o culto religioso, agradáveis momentos de confraternização, que se estendeu pelo dia seguinte.

A estadia em Savé foi finalizada com uma audiência com o prefeito da cidade, na qual foram tratados diversos assuntos de grande importância para os adeptos dos cultos a voduns e orixás no Brasil, bem como para toda a população negra no que tange o elo ancestral entre Brasil e África.

Por fim, a comitiva ainda percorreu outras cidades como, por exemplo, Savalou, que seu povo originário, pela diáspora, muito contribuiu para a disseminação do culto a Vodun no Brasil.

Sendo assim, a Casa de Oxumarê retorna ao Brasil com seu objetivo totalmente cumprido, ou seja, com os laços culturais e religiosos completamente estreitados, além de guardar a sempre grande e prazerosa experiência que é ‘retornar’ ao continente africano. Ficando, contudo, o sentimento de que um Atlântico de distância não é capaz de separar o vínculo familiar ancestral que nos une.


Por Caio Roberto Cortez - Egbon de Èsù da Casa de Òsùmàrè