Para agradecer a vitória de atravessar mais um ano e por todas as graças alcançadas em 2011, a Casa de Oxumarê ofertou nesta quarta-feira, dia 28, o último amalá do ano para Xangô, o Orixá da justiça. A cerimônia, que além dos filhos e filhas de santo da Casa, contou com a participação de centenas de amigos e de autoridades religiosas de outros templos, além de autoridades civis. Ao som dos milenares cânticos e toques por volta das 20h, o senhor do fogo e do trovão era evocado na Casa de Oxumarê. O amalá, comida sagrada feita a base de quiabos, azeite de dendê e camarões, um dos pratos prediletos deste poderoso Orixá, foi distribuídos entre todos os presentes.
O ritual da oferta do amalá começa cedo, antes mesmo da comida ser distribuída entre todos os presentes, é necessário que cada integrante da comunidade e as visitas se descansem por um período, tomem banhos de folhas e em seguida sejam incensados. "É fundamental que purifiquemos nossa alma e mente antes de entrarmos em sintonia com a natureza, antes de louvarmos os Orixás", explica Baba Pecê.
Pelas mãos da Ìyá Nirere da Casa de Oxumarê, Egbom Nice de Yansã, a gamela com quiabos cru, que simboliza a aliança e a perpetuação da oferenda no próximo ano, 2012 foi ofertada para Xangô, momento alto da cerimônia. Filha de santo do Terreiro da Casa Branca, Ìyá Nice exerce o posto de conselheira dos filhos e filhas de santo da Casa de Oxumarê, sendo ela a responsável em transmitir a boa educação à comunidade Oxumarê. Esta relação atesta que além da proteção dos Orixás a união entre as Casas mais antigas foi e continua sendo sua formula de resistência e continuidade desta profunda religião chamada candomblé.
Tradição
A oferenda do amalá já é uma tradição na Casa de Oxumarê acontece fielmente todas as quartas-feiras do ano, com exceção dos 16 dias de Oxalá, em Janeiro, quando a Casa não faz uso de azeite e durante agosto, haja vista, que é o mês dedicado para louvar Obaluaê e é nesta época que são realizadas as suas grandes celebrações, o Olubajé. As mitológicas disputas e duelos para assumirem o governo da Terra e o titulo de rei entre Xangô e Omolu são, em verdade, os motivos para que não existam oferendas nem rituais sacros nos períodos dedicados um ao outro. Xangô não pode ser celebrado em agosto, pois é a época na qual Omolu e sua família são homenageados.