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Notícias

Terça, 07 Janeiro 2020

Refluxo

Após aprovação de Oxumarê e as divindades regentes do Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó (Casa de Oxumarê) o Babalorixá Pecê enviou dois representantes (Baba Egbe Leandro e Egbon Márcio de Jagun) para a cidade de Oyó, na Nigéria, a terra ancestral de Xangô, a fim de construir o templo de Oxumarê.
No mesmo fluxo a iniciativa foi levada a cabo após decisão de Xangô, definida por leitura oracular através dos sacerdotes do seu culto em Oyó e autorização de Sua Majestade o Alaafin de Oyo, Lamidi Olayiwola Adeyemi III.
A ação está sendo promovida com o apoio da Associação Asa Orisa e a Fundação Paula Gomes, ambas as instituições são sediadas em Oyó e trabalham pela preservação do patrimônio cultural e religioso.

Esta iniciativa tem como objetivo reiterar a importância de Oyó como terra ancestral e um centro religioso internacional de altíssima importância para todas as ramificações e tradições de culto ao Orixá da diáspora yoruba. Nesse sentido, este reconhecimento internacional de Oyó como centro religioso contribui para afirmação do seu excepcional valor como patrimônio cultural da humanidade.

O axé da Casa de Oxumarê pertence a Xangô Ogodô, a divindade da cumeeira, e de quem emana o axé. Logo, o terreiro reconhece a importância de Oyó como uma das suas terras ancestrais de onde advém parte importante do seu culto.

O templo será construído dentro dos padrões africanos para não interferir no conjunto arquitetônico da cidade. Porém, o culto será realizado estritamente dentro da tradição religiosa preservada na Casa de Oxumarê, em Salvador da Bahia. De acordo com Baba Pecê, “o cuidado de realizar o culto na tradição brasileira é também uma forma de afirmar a importância das tradições de culto da diáspora. Ou seja, é também um reconhecimento da África perante as tradições que foram transmitidas pelos nossos ancestrais africanos e preservadas na Bahia ao logo de séculos, apesar do contexto histórico de extrema opressão”.

Concluída a construção do templo, em setembro, Bàbá Pecê e sua comitiva religiosa, composta pelos altos sacerdotes da Casa de Oxumarê, viajarão para Oyó a fim de realizar a cerimônia de assentamento definitivo do Orixá, que se manifesta por meio do arco-íris, a grande ponte entre o céu e a terra. A Casa de Oxumarê realizará anualmente uma cerimônia em louvor a Oxumarê em Oyó e um festival religioso a cada sete anos. Durante o ano o templo ficará aos cuidados dos sacerdotes de Xangô, uma vez que já não existem famílias de Oxumarê na cidade.

No ensejo de estreitar os laços de irmandade e ancestralidade, as comunidades religiosas da Bahia e de Oyó pedirão para que Oxumarê seja agora uma grande ponte entre a África e as Américas.